segunda-feira, dezembro 24, 2007

Há-de...


Há-de..., originally uploaded by Joe Taruga.



Há-de flutuar uma cidade no crepúsculo da vida
pensava eu...como seriam felizes as mulheres
à beira-mar debruçadas para a luz caiada
remendando o pano das velas espiando o mar
e a longitude do amor embarcado

por vezes
uma gaivota pousava nas águas
outras era o sol que cegava
e um dardo de sangue alastrava pelo linho da noite
os dias lentíssimos... sem ninguém

e nunca me disseram o nome daquele oceano
esperei sentada à porta... dantes escrevia cartas
punha-me a olhar a risca do mar ao fundo da rua
assim envelheci... acreditando que algum homem ao passar
se espantasse com a minha solidão

(anos mais tarde, recordo agora, cresceu-me uma pérola no coração, mas estou só, muito só, não tenho a quem a deixar.)

um dia houve
que nunca mais avistei cidades crepusculares
e os barcos deixaram de fazer escala à minha porta
inclino-me de novo para o pano deste século
recomeço a bordar ou a dormir
tanto faz
sempre tive dúvidas de que alguma vez me visite a felicidade

Al Berto - Há-de flutuar uma cidade in "Salsugem" - 1982





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domingo, dezembro 02, 2007

El mar


El mar, originally uploaded by Joe Taruga.


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Un solo ser, pero no hay sangre.
Una sola caricia, muerta o rosa.
Viene el mar y reúne nuestras vidas
y solo ataca y se reparte y canta
en noche y día y hombre y criatura.
La esencia: fuego y frio: movimiento.



El mar
Pablo Neruda – Plenos Poderes

segunda-feira, julho 02, 2007

Sophia... um mar eterno!


Sophia... um mar eterno!, originally uploaded by Joe Taruga.


In memoriam


“Quando eu morrer voltarei para buscar
Os instantes que não vivi junto do mar”


Sophia de Mello Breyner Andresen (06/11/1919 – 02/07/2004)



Imagens e poesia de Sophia...

Vida e obra...

Sophia in English...





View On Black

segunda-feira, junho 11, 2007

Harmony...


Harmony..., originally uploaded by Joe Taruga.

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But what is happiness except the simple harmony between a man and the life he leads?

Albert Camus


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See where this picture was taken. [?]

quarta-feira, junho 06, 2007

Para ti eu criarei...


Para ti eu criarei..., originally uploaded by Joe Taruga.

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Que nenhuma estrela queime o teu perfil
Que nenhum deus se lembre do teu nome
Que nem o vento passe por onde tu passas

Para ti eu criarei um dia puro
Livre como o vento e repetido
Como o florir das ondas ordenadas.

(Prece – Sophia de Mello Breyner Andresen)

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quinta-feira, maio 31, 2007

...e tantas vezes fico...


...e tantas vezes fico..., originally uploaded by Joe Taruga.

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Eu pescador que pesco por um instinto antigo
e procuro não sei se o peixe se o desconhecido
e lanço e recolho a linha e tantas vezes digo
sem o saber o nome proibido.

(…)
Ou pecador que junto ao mar me purifico
lançando e recolhendo a linha e olhando alerta
o infinito e o finito e tantas vezes fico
como o último homem na praia deserta.

(…)
Eu pescador que trago em mim as tábuas
da lua e das marés e o último rumor
de um nome que alguém escreve sobre as águas
e nunca se repete. Eu pescador.


Manuel Alegre – Oitavo poema do pescador

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'...e tantas vezes fico...' On Black

segunda-feira, janeiro 22, 2007

Com as gaivotas...


Com as gaivotas... (III), originally uploaded by Joe Taruga.



Contente de me dar como as gaivotas
bebo o outono e a tarde arrefecida.
Perfeito o céu, perfeito o mar, e este amor
por mais que digam é perfeito como a vida.


Tenho tristezas como toda a gente.
E como toda a gente quero alegria.
Mas hoje sou dum céu que tem gaivotas,
leve o diabo essa morte dia a dia.


(Com as gaivotas - Eugénio de Andrade)

terça-feira, janeiro 16, 2007

Oceanos...


Oceanos..., originally uploaded by Joe Taruga.


(...)
Amar é um deserto e seus temores
vida que vai na sela destas dores
não sabe voltar
me dá teu calor

Vem me fazer feliz porque eu te amo
você deságua em mim e eu oceano
e esqueço que amar é quase uma dor

Só sei viver se for por você!

(Oceano – Djavan)