Há-de flutuar uma cidade no crepúsculo da vida
pensava eu...como seriam felizes as mulheres
à beira-mar debruçadas para a luz caiada
remendando o pano das velas espiando o mar
e a longitude do amor embarcado
por vezes
uma gaivota pousava nas águas
outras era o sol que cegava
e um dardo de sangue alastrava pelo linho da noite
os dias lentíssimos... sem ninguém
e nunca me disseram o nome daquele oceano
esperei sentada à porta... dantes escrevia cartas
punha-me a olhar a risca do mar ao fundo da rua
assim envelheci... acreditando que algum homem ao passar
se espantasse com a minha solidão
(anos mais tarde, recordo agora, cresceu-me uma pérola no coração, mas estou só, muito só, não tenho a quem a deixar.)
um dia houve
que nunca mais avistei cidades crepusculares
e os barcos deixaram de fazer escala à minha porta
inclino-me de novo para o pano deste século
recomeço a bordar ou a dormir
tanto faz
sempre tive dúvidas de que alguma vez me visite a felicidade
Al Berto - Há-de flutuar uma cidade in "Salsugem" - 1982
~~~~~~~~~~
segunda-feira, dezembro 24, 2007
Há-de...
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
3 comentários:
Um dos meus Poetas favoritos.
FELIZ ANO NOVO
Que 2008 traga muitas fotos belas com esta...
Bj ;)
Joe
Vim deixar meu desejo de um Ano Novo cheio de saúde, esperança, amor e sonhos realizados.
um beijo carinhoso
Della
Gostei muito desse post e seu blog é muito interessante, vou passar por aqui sempre =) Depois dá uma passada lá no meu site, que é sobre o CresceNet, espero que goste. O endereço dele é http://www.provedorcrescenet.com . Um abraço.
Enviar um comentário