Mar, metade da minha alma é feita de maresia
Pois é pela mesma inquietação e nostalgia,
Que há no vasto clamor da maré cheia,
Que nunca nenhum bem me satisfez.
E é porque as tuas ondas desfeitas pela areia
Mais fortes se levantam outra vez,
Que após cada queda caminho para a vida,
Por uma nova ilusão entontecida.
E se vou dizendo aos astros o meu mal
É porque também tu revoltado e teatral
Fazes soar a tua dor pelas alturas.
E se antes de tudo odeio e fujo
O que é impuro, profano e sujo,
É só porque as tuas ondas são puras.
(Mar – Sophia de Mello Breyner Andresen)
1 comentário:
A escolha do tema não podia ser melhor e o primeiro "post" imagem/poema forma um conjunto harmonioso, perfeito... Uma imagem belíssima e palavras impressionantes; como eu as compreendo "Metade da minha alma é feita de maresia..."
Aqui neste blog tenho a certeza que mais uma vez nos emocionarás com as imagens a que já nos habituaste e que reflectem o teu talento e o teu sentir...
Parabéns!
Beijos
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